As eleições brasileiras de 2010 me fez pensar no poder de disseminação de idéias na internet (via twitter, facebook, youtube e outras ferramentas). É verdade que as ferramentas conseguiram, de certa forma, alimentar o debate democrático (um pouco tendencioso para lados que encontraram na rede pessoas mais "carentes" de visão (o candidato achava legal fazer um Twitcam e achar que é popular por causa disso), mas ainda vemos que precisamos, inteligentemente, aderir a cultura da democratização e meta-análise de comportamentos virtuais.
Que não se faz revolução por tags no twitter acho que a maioria já sabe, mas poucos devem saber que há várias maneiras de Estados ditadores de "controlar" comportamentos silenciosamente através de aparentes web-socializações. Eles aparecem na rede, se mostram conectados, mas são apenas superficiais e estratégicos (pois apenas dividem responsabilidades quando uma decisão é tomada e pouco do povo é ouvido).
E pra que estamos usando nossos computadores cada vez mais potentes? As estatísticas mostram que o cyber-hedonismo (achar que o prazer está acima de tudo e de todos) tem crescido e os poderes computacionais tem sido //largamento usados// em prazeres virtuais (sejam eles de jogos, bate-papos ou acesso à sites pornográficos) . Usei o destaque para me justificar aqui. Achar que todos estão usando internet para hedonismo é exagero sim. As idéias "do bem" (por mais piegas que pareça) tem se multiplicado e boas práticas de educação, de intelectualização, de propagação de cultura, tem encontrado espaço na web. Sim. Mas a discussão é se estamos nos preparando (ou prontos) para seguir esta tendência de estar conectado quase que 24horas e em todos os cantos? E quantas vezes fomos vítimas de governos articulados, que antigamente exigia grupos de inteligência silenciosa e hoje através de perfis públicos no orkut/facebook encontram líderes (e grupos) contra o governo?
Lembremo-nos que a rede chega até os confins de lugares mais distantes e desérticos/florestais, mas precisamos continuar investigando valores e posicionamentos para não sairmos da tendência do humanismo, da democracia respeitosa e popular.
Uma matéria interessante do Jornal da Ciência, logo pela manhã, me deixou bastante feliz e ao mesmo tempo questionador se o Brasil também já não deveria ter começado a fazer o mesmo. É o caso de Dohar, capital de Qatar, que entrou no mapa um dia desses por ter ganho a oportunidade de receber a copa do mundo em 2022 (que longe, né?). Mas o país demonstra estar muito preocupado com o futuro. Investir 30 milhões em congressos sobre "inovação na educação" que envolvem conceitos de trabalhar com os recém-chegados na escola (e com os mais avançados) com a didática que atenda às expectativas de uma sociedade globalizada e virtual.
Segue abaixo palavras do professor Dilvo Ristoff, da Universidade Federal da Fronteira do Sul (pra falar a verdade, nem sei onde é, mas tá na reportagem que linkei acima):
"O trabalho dos professores será, portanto, profundamente afetado por esta nova tecnologia (computação móvel) e é impossível imaginar que alunos da geração pós-Ipad aceitem métodos, ritmos e salas de aula incompatíveis com a agilidade e a facilidade de acesso ao conhecimento que a comunicabilidade móvel proporciona."
Pois bem, estamos caminhando para um Brasil com o pré-sal como potencial investidor para nossa educação, ciência, tecnologia, que parecem ser concorrentes leais contra um país que teve seu papel social esquecido durante muito tempo.
Meta-governo, meta-decisões. Estas são as atitudes que esperamos (e que devemos fazer no nosso dia-a-dia) - o que já não é fácil. Informação é um caminho para o esclarecimento.
O que me instigou também ao debate sobre o impacto social (que ainda vivenciamos) e as suas consequências (e a necessidade de enxergá-las) foi este vídeo abaixo do Ted. Ele tem legenda em português. É só clicar em "view subtitles".
Adoro adjetivar a sociedade virtual-globalizado-tecnológica(e -omissa, as vezes), mas o caso é sério. Precisamos pensar em políticas locais, regionais e nacionais para que acompanhemos as tendências sem precisar mexer no regionalismo cultural de cada canto do Brasil (e do mundo). Tenho certeza que a acadêmia tem muito a acrescentar aos governos e espero um dia que a parceria academia-estado (saudavelmente) seja tão fluente que consigamos colocar em prática metodologias que devem sair das wikipedias e estar presente em pautas legislativas.