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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Porcos humanamente camuflados - meu parágrafo inicial aA Revolução dos Bichos

"A liberdade, se é que significa alguma coisa, significa o nosso direito de dizer às pessoas o que não querem ouvir" (George Orwell)

É incrível: esta parábola política de Orwell poderia ser citada como explicativa para diversos segmentos de nossa sociedade. Eu não tenho como citar todas, mas não posso deixar de citar a própria situação política brasileira, que hoje julga um dos maiores casos de corrupção da história. De um partido que surgiu do povo e que hoje dá suas braçadas em busca de uma Ilha que lhe tire do afogamento. Sem dúvida pra mim este não foi o único caso de grande corrupção, não sabemos como as coisas  funcionavam antes; não ter as provas não invalida a probabilidade.

A literatura de Orwell é cativante porque é simples, ou vice-versa. Además de seus nomes para cada animal, a narrativa linear não me surpreendeu muito. De tão simples e certeiro, Orwell deixa o leitor um pouco frustrado porque, como disse no começo, é possível fazer a releitura colocando Igrejas, Governos, Partidos, e até mesmo instituições que você pertenceu como exemplos reais daquilo que se lê.



Para falar a verdade, o que me deixou mais apaixonado foi o relato pós-prefaciano do próprio escritor após o texto. Criticando o jornalismo e a imprensa britânica, colocando-a contra a parede a favor da imparcialidade dos ricos, do fim do protecionismo aos aliados e do estímulo à produção intelectual consciente do processo político que viveu.

Na verdade, uma pausa e um parágrafo para comentar suas denuncias: o George fala de omissões da imprensa inglesa de uma forma que muito me lembrou o Brasil. Esta nossa imprensa é capaz de nos deixar livre o suficiente para impor algo que não queremos ouvir, também?

"O resultado da pregação de doutrinas tolitaristas é o enfraquecimento do instinto graças ao qual as pessoas sabem o que representa ou não um perigo" (Orwell) 


De imediato o que tenho mais urgente pra dizer, é que este livro não é um travesseiro para sonos tranquilos. Essa explanação da não-convergência política, que nos acompanha por tanto tempo é muito intrigrante. Essa falta de moderação, imposição de partido. Nem o trabalhar excessivo inerte nem a ganância disfarçada de intelectualismo. Este encontro no meio, o que não é nada fácil para a pluralidade de pensamentos (o que é o equilíbrio quando não estamos numa reta finita, mas num plano infinito?)


E quantas culpas serão criadas e quantos Bola-de-neves serão reinventados para tentar fazer com que os erros sejam justificados? 


Hoje, como uma integral definida, minha preocupação é em cada segmento fazer sua parte. Uma coisa que o livro não apontou é que "o povo tem a política que merece". Talvez poderíamos fazer a leitura dessa forma se encarmos a ignorância intelectual de entendimento dos bichos que, por isso, se submeteram à ditadura dos porcos; mas, falo da ignorância da intenção mesmo. Do povo que critica o político mas se corrompe quando surge uma oportunidade. Acredito que esta última forma sim dita o futuro político da nação. E esta, talvez, seja a reforma mais urgente que precisamos fazer: a de corrigir nós mesmos - e quão difícil é.

Boa assembléia - sem ditadores.

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