Interessante que quando Gandhi quis libertar a Índia dos ingleses, muitos falaram: "mas, Gandhi, temos uma divisão religiosa entre mulçumanos e cristãos do nosso povo. Talvez livre da Inglaterra nosso povo entre numa guerra civil". E ele retrucou: "nosso povo resolverá nossos próprios problemas. É melhor que se faça uma transformação interna do que ainda depender de um Estado escravizador".
Foi mais ou menos isso aconteceu de Brasil e Portugal. Só que artificialmente. Ainda estamos atados nos laços amortecidos e dependências colonizadoras dos antigos coronéis e da presença ipsilider dos resquicios da escravidão nos morros.
E nossa democracia parece ainda a balbucear algumas palavras quando arraigada numa infantil e engantinhadora transformação social.
Quem não acha que os presídios agora são nossos navios negreiros?
"E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
(Castro Alves; em Os Navios negreiros)
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